sexta-feira, dezembro 28, 2007

“Na cultura ocidental europeia, por reflexo e fruto muito particular da praxis romântica do século XIX, a transição para o Ano Novo depressa se tornou razão vigorosa de comemorações e festividades de gáudio e júbilo. Neste âmbito, rapidamente e por força da criação do gosto orquestral decorrente da escola de Mannheim, o império Austro-Húngaro e muito concretamente a cidade de Viena, criaram estruturas e hábitos musicais concertísticos, tirando partido dos seus compositores mais ilustres, com especial referência à família Strauss.
Tornaram-se assim pontos de referência festiva e cultural os concertos de Ano Novo de Viena, onde as valsas, polkas, mazurkas e outras danças facilmente poderiam estimular o convívio, a alegria, a evasão, o festejo e a comemoração.
O equilíbrio, a aceitação e a beleza dos concertos realizados, quase sempre enriquecidos ainda com graciosos efeitos baléticos, levou à global aceitação desta “receita” por todos os centros culturais da Europa.
É ao abrigo ainda deste princípio que se justificam, de pleno direito, os actuais concertos de Ano Novo. “Ano Novo, Vida Nova” e eis um excelente motivo para a alegria colectiva e evasão emocional, sempre esperançosas em novas e por certo mais consequentes realizações pessoais! E neste sentido, que melhor solução que a recorrência às valsas e ao seu rodopiar ternário, quase metafísico? Cumpra-se por isso o ritual ocidental. Encontre-se espaço para dar viagem aos afectos. Rodopiem-se os corpos e com eles os espíritos. Acredite-se, de facto, que um novo padrão de gratificação humana está prestes a chegar. Chegou a hora! Vamos ao concerto!!!”
(Virgílio Caseiro, maestro titular da Orquestra Clássica do Centro)

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