sábado, março 17, 2007


Alguns chapéus de estudantes
Bicórnio ou bicorne em feltro preto de estrutura rígida, frugalmente ornamentado com presilha e colher de pau (imagem de inícios do século XX, editada no Blog em 24/02/2007. Mais dados no artigo "Imagens da Indumentária Estudantil em Salamanca", Blog, edição de 24/02/2007).
Foi usado como complemento da Loba e Mantéu pelos estudantes universitários espanhóis entre finais do século XVIII (ca. 1773-1834). A partir da década de 1870 passou a ser considerado chapéu de tuno, pelo que conheceu largo sucesso até aos anos de Segunda Guerra Mundial. Tunos espanhóis que com ele se deslocaram a Paris (finais da década de 1870), Coimbra (1888) e Oitavo Centenário da Universidade de Bolonha (1888) fizeram furor.
O bicórnio nunca foi adoptado pelos estudantes da UC, apesar da sua profusa consagração nos fardamentos militares e librés de gala dos archeiros da Casa Real e UC, bem como no Institut de France (1799), École Polytéchnique de Paris, Academia das Ciências (Portugal), Escolas Médico-Cirúrgicas e Escolas Politécnicas (Lisboa e Porto, década de 1850).
O bicórnio não é considerado em Espanha um chapéu estudantil. Como símbolo dos tunos que era, é raríssimo vê-lo nas tunas que passaram a copiar o traje à "Século de Ouro" introduzido pela Tuna Universitária de Salamanca em 1973 [por facilidade de indentificação poderíamos dizer "traje à Camões", com evidentes anacronismos e sem cobertura de cabeça].
Pela década de 1980, episodicamente, ainda se via um ou outro exemplar em elementos da Tuna Universitária Compostelana, madrinha de baptismo da TAUC. "Folheando" um velho lp vinil que comprei em Junho de 1993 à Tuna Universtaria Compostelana, quando actuava na praça fronteira à Catedral de Santiago, constato: a) dos 28 estudantinos visíveis na capa do referido disco, praticamente todos envergam o "traje de carnaval" adoptado na década de 1870, sem adesões de vulto à beca (década de 1950) ou ao traje salmantino à "século de ouro"; b) avistam-se seis bicórnios pretos de feltro, alguns com colher e garfo; c) há um tuno com barrete quadrangular preto e borla vermelha, insólita sobrevivência do chapéu seiscentista que se usou nas universidades de Coimbra, Salamanca, Paris, sem esquecer a vestiária de clérigos e profissionais do foro judicial.
O bicórnio ainda é usado em França pelos estudantes da Académie Polytéchnique de Paris e nas galas solenes do Institut de France.
AMNunes

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