sábado, agosto 05, 2006

Notável “Workshop Sobre a Arquitectura do Futuro Tribunal Universitário Europeu” a funcionar em anexo à Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra

No dia 12 de Julho de 2006, a convite da Comissão Para a Criação do Tribunal Universitário Judicial e Europeu, teve lugar no Salão da Reitoria da UC um alargado espaço de discussão que envolveu especialistas de diversas áreas do saber, incluindo o Direito, a Psiquiatria, a Psicologia, a História, a Arquitectura, a Arqueologia e a Gestão.
Às 14h30m o Doutor Joaquim Gomes Canotilho, lente da Faculdade de Direito, autor da ideia original, abriu a sessão. Saudados os oradores convidados, passou aquele lente a apresentar as traves mestras do Tribunal que, misto de instituição judiciária e de escola prática ligada à Faculdade de Direito, se pretende instalar no muito arruinado casco do antigo Colégio da Santíssima Trindade. As escavações arqueológicas foram dadas por concluídas, estando avançados os anteprojectos de arquitectura.
Às 14h45 o Mestre António Manuel Nunes dissertou sobre a evolução dos espaços de Justiça em Portugal, desde a Idade Média até finais do Estado Novo.
Às 15h15m interveio o Dr. Feliciano Martins, em representação oficial do Instituto de Gestão Financeira e Patrimonial do Ministério da Justiça, seguindo-se a apresentação de um estudo de caso pelo Arquitecto Jorge Graça Costa, reconhecido perito em arquitectura bioclimática.
Presente o Magnífico Reitor Seabra Santos, houve um momento de interpelações por parte do Reitor, Doutor Gomes Canotilho, Doutor Faria e Costa, António M. Nunes, Dr. Feliciano Martins e Conselheiro Álvaro Laborinho Lúcio.
A equipa de arquitectura esteve representada pela Arquitecta Patrícia Marques, muito atenta a todas as sugestões, particularmente as que foram formuladas por representantes da Faculdade de Medicina (Medicina Psiquiátrica) e Faculdade de Psicologia.
Matérias mais técnicas, ligadas à gestão e funcionamento do Tribunal, mereceram intervenções enriquecedoras do Presidente da Relação de Coimbra, do Conselheiro Laborinho Lúcio, do representante do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (Dr. António Cluny) e do representante do Conselho Distrital da Ordem dos Advogados em Coimbra (Dr. Carlos Ferrer).
Menos alargado, quando comparado com o debate internacional sobre os novos rumos da Arquitectura Judiciária levado a cabo pelo Ministério da Justiça em Lisboa no dia 24 de Maio/06, o workshop promovido pela Universidade de Coimbra revelou-se um momento notável onde se escreveram novas páginas da história contemporanêa.
A ideia de Joaquim Gomes Canotilho é inédita e pioneira no contexto universitário ocidental. Aguardemos os dias da inauguração.
AMNunes











POSSE DO NOVO REITOR DA UNIVERSIDADE DO PORTO
Eleito em Maio, José Carlos Diogo Marques dos Santos tomou posse em 2006/07/03 do cargo de Reitor da UP (mandato até 2010). Lente de Engenharia Electrotécnica, contando 59 anos, José Carlos Marques dos Santos fora Vice-Reitor no 2.º mandato de José Novais Barbosa (2002 ss.). Nos anos 90 do século findo exerceu o cargo de Director da sua Faculdade, ficando o seu nome ligado à construção das actuais instalações, no pólo da Asprela (em funcionamento desde 2000/2001), e ao consequente abandono do histórico edifício da R. dos Bragas (que desde 2004 é sede da Faculdade de Direito).
Na 1.ª imagem, o Reitor cessante, José Ângelo Novais Barbosa, coloca a medalha reitoral, pendente de escapulário na cor da Reitoria (ouro-velho), ao seu sucessor. Na 2.ª, o novo Reitor e o cessante.
Na parede ao fundo, por trás de Marques dos Santos, vê-se o retrato de um lente oitocentista, com capelo de Direito. Trata-se de Adriano Abreu Cardoso Machado (1829-1891), dr. em Direito (1851) e lente substituto (1855-1857) da FD/UP, depois lente da Academia Politécnica do Porto (1858 ss.) e por último Reitor da UC (1886-1890).
(fotos de Egídio Durão)

Armando Luís de Carvalho HOMEM


Diferenças Posted by Picasa
A serenata como passatempo de leitores de revista não é uma proposta muito comum. No caso vertente, "A Revista Sebenta", 1º Trimestre de 1987, pág. 34, propõe aos seus leitores que tentem decifrar seis diferenças entre os dois desenhos. O cartoon está assinado por "Orlando/86".
AMNunes


Mãe dos Bacharéis Posted by Picasa
"Alma Mater" ou "A Mãe dos Bacharéis" é uma caricatura da Universidade de Coimbra criada por Rafael Bordalo Pinheiro em 1882. Corrosiva, assimila a UC ao "obscurantismo" de Antigo Regime, ao "fanatismo" habitualmente atirado à cara da Companhia de Jesus e ao "despotismo" pombalino. A UC era insinuada como uma caquética dona setecentista, com cabeleira de topes e saia convertida em barrete doutoral (=borla), insígnia a que os estudantes progressistas jocosamente chamavam "apagador do senso comum". Alude-se, em jeito de denúncia, ao odiado Foro Académico que na realidade já não existia desde o triunfo liberal de 1834, porquanto transformado em Regulamento Disciplinar da UC (podendo embora sindicar alunos, prendê-los provisoriamente ou expulsá-los).
A caricatura vinha acompanhada por um sanguinário e palavroso texto de Ramalho Ortigão, alvitristas que faz suas as queixas das gerações republicana, socialista e anarquista que haviam explodido entre a Questão Coimbrã, as Conferências do Casino e o Tricentenário de Camões.
Sendo certo que a UC era uma instituição fiel ao rei e à causa monárquica, além de zelosa cumpridora dos preceitos do Concílio de Trento, dispunha de lentes pedagogicamente odiados em Direito e Teologia.
A lições de muitos destes lentes cheios de tiques teatrais, vozes monótonas de adormecer um morto e alfobres de citações em latim e francês, eram o prato forte das anedotas estudantis, alimentando récitas de cursos e ácidas historietas. Relendo as memórias académicas coevas, há que dar razão aos muitos alunos que nos anfiteatros de Direito e Teologia sofreram autênticas torturas antipedagógicas.
Far-se-á ressalva, no entanto, para precisar que os lentes de Direito e de Teologia não representavam todos os cursos da UC e que mesmo esses lentes destituídos de noções elementares de pedagogia afinal estavam mesmo muito actualizados no plano científico.
A Biblioteca da Faculdade de Direito da UC é riquíssima em publicações portuguêsas, francesas, alemãs, italianas e inglesas. Percorrendo o catálogo dessa biblioteca, lendo esses livros e cotejando os respectivos conteúdos com as "sebentas" publicadas pelos lentes conimbricenses do último quartel do século XIX e inícios do século XX, asinha se conclui que os lentes tão virulentamente acusados até podiam não pescar nada de pedagogia, mas em termos científicos dominavam como profundidade as matérias leccionadas e estavam a par do mais fresco que se ia estudando nas escolas superiores europeias. E não se limitavam a importar ideias e a partir delas forjar teorias ecléticas (quem não conhece a célebre tirada coimbrã "a nossa solução é"...), propondo alguns interpretações e soluções lidas e respeitadas internacionalmente.
Fonte: Rafael Bordalo Pinheiro, "Álbum das Glórias", Lisboa, Expresso, 2005.
AMNunes


Sé Velha VI Posted by Picasa
Porta Especiosa da Sé Velha de Coimbra, um projecto renascentista da autoria de João de Ruão construído na fachada lateral do edifício na década de 1530.
Até à entrada da década de 1930 este foi sempre o espaço preferido dos grupos de serenateiros espontâneos que animavam as noites da Velha Alta entre a Primavera e os inícios do Outono. Um dos últimos "magníficos" a revelar-se publicamente nos degraus da Porta Especiosa foi Edmundo Bettencourt.
Fonte: Thomaz da Fonseca, "Coimbra. Encyclopédia pela Imagem", Porto, Livraria Chardron, 1929, pág. 30.
AMNunes

sexta-feira, agosto 04, 2006


Sé Velha V Posted by Picasa
Vista da Sé Velha de Coimbra tirada entre finais de 1928 e inícios de 1929, publicada em Thomaz da Fonseca, "Coimbra. Encyclopedia pela Imagem", Porto, livraria Chardron, 1929.
Bem visíveis os restauros concretazados entre 1896-1910 pela equipa de António Augusto Gonçalves (além dos interiores, janelão da nave central, arquivoltas, colunelos e pilastras do pórtico, conversão dos janelões laterais em frestas, extensas substituições de blocos de cantaria comidos pela erosão), a Sé Velha prepara-se para uma segunda operação de cosmética.
Entre 1929-1930 e anos seguintes, a Direcção Geral dos Monumentos Nacionais transformou em política oficial as propostas de António Augusto Gonçalves e tratou de remover o torreão sineiro, o telhado de duas águas, o adro antigo e a fonte que lhe estava acoplada. O adro velho foi demolido no ano de 1933.
Foram os anos da construção do gélido e mal-jeitoso escadório actual, uma solução do lente da UC Vergílio Correia, contra a qual em vão polemizou o lente António Garcia Ribeiro de Vasconcelos.
De cara lavada e com o escadório à Vergílio Correia, a Sé Velha estava finalmente pronta para se transformar no "La Scala da Canção de Coimbra", ia já entrada a década de 1940.
AMNunes


Sé Velha IV Posted by Picasa
Vista de Coimbra, captada a partir dos telhados da Universidade em finais de de 1910, numa reportagem da "Ilustração Portuguesa" destinada a cobrir as incursões republicanas na UC após o 5 de Outubro de 1910 ("Illustração Portugueza", Nº 245, de 31 de Outubro de 1910).
A Baixa, entre o Arnado e a Estação Velha da CP é um enorme descampado ainda não invadida pelos galopantes furores do betão e do asfalto.
Em plano destacado irrompe a mole da Sé Velha, com andaimes do lado do claustro (zona ocupada pela Imprensa da Universidade), telhado de duas águas e torreão sineiro. Em finais de 1910 as obras de restauro do monumento estavam praticamente concluídas no tocante à fachada principal e interiores. António Augusto Gonçalves praticamente não tocou no adro antigo nem na muito degradada Porta Especiosa, mas no interior ficaram os úteros escavacados pelas violentas remoções das talhas e dos azulejos.
AMNunes


Sé Velha III Posted by Picasa
Obras de demolição e restauro em curso no adro e fachada principal da Sé Velha nos anos que vão de 1896 a 1900.
Desapareceu o Arco da Sé Velha, o topo da fachada sofreu a incorporação de um torreão sineiro, e estão retirados os robustos gradões de ferro dos janelões que ladeiam o pórtico. Permanece ainda o parapeito de pedra de Ançã no janelão superior que ilumina a nave central. Por refazer andam os colunelos e pilastras destinadas ao pórtico principal (por vezes, nos livros de História da Arte, manualistas há que menos atentos reputam este restauro de obra original. Assim, Ana Pinto/Fernanda Meireles/Manuela Cambotas, "Cadernos de História da Arte 4. História da Arte do 11º Ano", Porto, Porto Editora, 2001, pág. 84, fig. 36).
Fonte: Alexandre Ramires, "Revelar Coimbra (1842-1900)", Coimbra, MNMC, 2001, foto 48.
AMNunes


Sé Velha II Posted by Picasa
Trecho da fachada nobre, pórtico principal, escadório setecentista e adro da Sé Velha de Coimbra, numa fotografia realizada em 1866 por Thompson. No século XIX, o pórtico encontrava-se em adiantado estado de degradação nas arquivoltas e nos colunelos.
Fonte: Alexandre Ramires, "Revelar Coimbra (1842-1900)", Coimbra, MNMC, 2001, foto 28, da colecção de Sérgio Namorado.
AMNunes


Sé Velha I Posted by Picasa
Fachada principal, adro alteado e Arco da Sé Velha ou Arco da Imprensa da Universidade de Coimbra, tal qual se podiam apreciar nos séculos XVIII e XIX. O Arco que fazia demarcação entre o Largo da Sé Velha e a Rua da Ilha, bem como os janelões e ornatos pós-românicos foram alvo de demolição em 1896. A obra, encomendada pelo bispo D. Manuel Correia de Bastos Pina e patrocinada pela Rainha D. Amélia de Bragança, foi executada sob a direcção do técnico António Augusto Gonçalves, um seguidor da corrente restauracionista/eugénica implementada em França por Le Duc que viria a ser longamente glosada durante o Estado Novo.
Fonte: Francisco Martins de Carvalho, "Portas e Arcos de Coimbra", Coimbra, Edição da Biblioteca Municipal, 1942, pág. 93.
AMNunes


Aqui jaz o FAC Posted by Picasa
Fotografia de apresentação pública do TEUC (Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra), organismo dramático misto fundado em 1938 sob a direccção técnica e artística do Prof. Doutor Paulo Quintela (nº 8 na foto).
O TEUC resultou da extinção do FAC (Fado Académico de Coimbra), organismo desprezado pelas elites de esquerda, mal amado pelos estudantes simpatizantes do regime, cuja existência se pautou por uma actividade muito irregular, a que acresceram na recta final a falta de sócios e de boas vozes.
À data da extinção corria à boca cheia que o FAC fora um organismo culturalmente inútil, não tendo realizado mais do que bailes, bazares filantrópicos e a edição de um jornaleco. O "mistério" da extinção do FAC nunca foi esclarecido publicamente. Ao TEUC interessava denegrir o passado do FAC, coisa que António José Soares fez com grande habilidade, e aos "castigados" ex-FAC a vergonha parecia calar qualquer veleidade. Deles resta unicamente Ângelo Vieira de Araújo.
O FAC (1930-1938) recebeu ordem de despejo em finais de 1937, em nota curta e seca do Presidente da Comissão Administrativa da AAC, equipa da confiança e de nomeação governamental encabeçada pelo estudante José Guilherme de Melo e Castro. Lutando desesperadamente pelo não bandono das instalações no sótão da Bastilha, Jorge Xabregas aproveitou uma reunião do FAC, de 25 de Novembro de 1937, para criar no interior do organismo em perigo um grupo teatral. O novo grupo começou a ensaiar em Janeiro de 1938, tendo feito a sua estreia pública em 27 de Junho desse mesmo ano.
O FAC não foi extinto em resultado da continuada sangria de sócios, nem sequer porque os seus sócios o tenham abandonado e trocado pelo jovem TEUC. O FAC foi extinto devido a pressões governamentais oriundas do Ministério da Educação Nacional, então titulado pelo antigo lente de Direito da UC António Carneiro Pacheco, um feroz inimigo da prática do "Fado".
A aposta de Carneiro Pacheco incidia sobre a música coral, concebida como projecção da união mística das massas (naipes) com o chefe (maestro). Infelizmente para os seus entristecidos sócios, o FAC tinha um passado demasiado suspeito: nada o livrava da má fama de organismo inútil, dedicado a "fados", bailes, vinho e petiscos; a nomenclatura do organismo era suspeita aos olhos do regime (não era aceitável nem considerado digno que uma universidade acobertasse actividades do tipo casas de fados); alguns dos nomes mais sonantes do FAC tinham-se distinguido ao longo dos anos trinta justamente como intérpretes de fados ao estilo de Lisboa (ele era o "Fado Espanhol", ele era o "Fases da Lua", ele era o "Fado dos Cegos", ele era o "Fado do Conde de Anadia"...).
Além dos notáveis como Paulo Quintela (nº 8) e Barrigas de Carvalho, a fotografia mostra Jorge de Morais Xabregas (nº 1), Abílio Ribeiro de Moura (nº 2), João Gonçalves Jardim (nº 3), Condorcet Pais Mamede (nº 4. Foi do FAC e arranhava uns acordes de guitarra), Décio da Rocha Dantas (nº 5) e lentes que haviam sido guitarristas/ou cantores. Maximino Correia (nº 6) fora executante de guitarra, de rabeca, e cantor. Na década de 20 ainda fazia solos no Orfeon Elias de Aguiar. João Duarte de Oliveira (nº 7), que tocara guitarra nos tempos de estudante, era um fanático da arte guitarrística de Manuel Mansilha, destestando os rumos que a guitarra tomara pela mão de Artur Paredes (não conseguia engolir o abandono da afinação natural).
Das raparigas do grupo são reconhecíveis a primeira directora, Madalena de Almeida, e Mariberta Carvalhal (que nos ajudou nas identificações).
Fonte: António José Soares, "Subsídios para a História do Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (1938-1961)", Coimbra, Edição do TEUC, 1961.
AMNunes

quinta-feira, agosto 03, 2006


A "revelação" Meireles Posted by Picasa
Entrevista de Mário Afonso (à data dinâmico sócio da Secção de Fado da AAC) ao talentoso construtor de instrumentos musicais Fernando Meireles no primeiro semestre de 1986.
Fonte: "A Sebenta", Coimbra, 1986
AMNunes


Cartaz da Queima 88 Posted by Picasa
O cartaz da Queima das Fitas de 1988, com assinatura da artista plástica Cláudia Rovira, conferia grande destaque a elementos simbólicos do imaginário académico coimbrão como a Torre da UC, uma Capa de estudante, o Penico com os Grelos dos Quartanistas e uma Guitarra de Coimbra estilizada.
Num rasgo publicitário, o referido cartaz veio estampado na capa de "A Briosa. Revista da Associação Académica de Coimbra/OAF", Ano I, Nº 6, 30 de Abril de 1988.
AMNunes

quarta-feira, agosto 02, 2006


Rómulo de Carvalho, ilustre professor de Física e Química, Metodólogo do meu Estágio Pedagógico no Liceu Pedro Nunes em Lisboa, vai fazer cem anos que nasceu. Poeta de rara sensibilidade, tomou o pseudónimo de António Gedeão. Utiliza a ciência na construção de muitos dos seus poemas, o que o torna bastante original. Vários foram os cantores que se serviram da sua poesia para musicar, entre os quais está Adriano Correia de Oliveira. Como cientista, escreveu vários livros de divulgação de temas científicos, com o rigor que sempre manteve na sua vida profissional. Posted by Picasa


Grupo de Cordas Allegro actua em Espanha, num Festival Internacional de Música de Plectro. Diário de Coimbra de hoje. Posted by Picasa

José Afonso nasceu há 77 anos


Faz hoje 77 anos que nasceu José Afonso (1929), aqui numa foto no Coliseu, acompanhado por Octávio Sérgio e o filho António Sérgio (hoje, o compositor Sérgio Azevedo). Segue-se um texto de Luiz Goes, do Blog da AJA.
Falar do Zeca é falar de um grande amigo com quem convivi muito intimamente em Coimbra, sobretuto nos anos 50.
Quando se dão os grandes acontecimentos dos anos 60 eu já não estava lá, já me tinha formado. O Zeca se fosse vivo tinha mais quatro anos do que eu de idade, mas eu era dos cantores o que me formei mais cedo, porque tinha a mania de ser bom aluno, e não era suficientemente boémio, se fosse hoje, reprovava mais de dez anos.
Formara-me em Outubro de 1958 e em 1959 já estava em Lisboa, nos Hospitais Civis, e a partir daí perdi aquele contacto diário, constante, com esses meus queridos amigos, o Zeca era um deles. Como é evidente, com essa vinda para Lisboa, perdi o convívio com aquela geração, e com aqueles acontecimentos da época lá em Coimbra. Mas acompa­nhei-os muito de perto.
Entretanto fui mobilizado, para a Guiné, onde estive dois anos e, quando voltei, procurei recuperar o tempo que tinha perdido em termos de cantigas, estimulado por terceiros. Depois lá recuperei um pouco e entrei numa fase da minha vida, mais amadurecida talvez, mais velho por dentro também, e, naturalmente, modifiquei a minha maneira de ser. Mas, falar do Zeca é falar de uma pessoa inesquecível. Do seu talento, do seu lirismo, no fundo, para mim, o Zeca foi sempre um lírico, punha as palavras também ao serviço do coração. Eu sei que era assim. E depois de tantos episódios curiosos vou-lhes lembrar apenas um. Eu durante muito tempo não fui repúblico em Coimbra, porque a minha mãe vivia lá, pois eu sou natural de Coimbra. Devo ser talvez, o único cantor conhecido, pelo menos do nosso tempo, que tenha nascido em Coimbra, de maneira que tinha casa. O Zeca já era casado, era a primeira mulher, tinha dois filhos e a minha casa era uma "República", e então, muitas vezes, o Zeca chegava e dizia assim: "à D. Leopoldina", que era a minha mãe, "não se importa que os miúdos fiquem aí?" E a minha mãe respondia: "à Sr. Doutor", a minha mãe tratava toda a gente por doutores, porque era costume lá em Coimbra, um indivíduo desde que tivesse capa e batina tratava-se logo por senhor doutor, desde o primeiro ano, "isto é uma maravilha, hem?". Entretanto ficavam lá os dois miúdos e o Zeca esquecia-se. Um dia, a minha mãe, ao fim de dois dias, disse-me assim: "à Luís, desculpa lá, eu sou muito amiga do Zeca, mas ele. . . quando é que? .. " E eu: "... O quê? ainda cá estão?..." Tinha-se esquecido. Depois ia buscá-los. Isto é um episódio que revelo com muita ternura, com muita saudade e com muita afectividade. Eu tenho orgulho de ter pertencido à geração dele, e também, em ter contribuído à minha maneira, para que as coisas mudassem. Mas não me esqueço dele. Foi um grande amigo, é uma grande memória, uma pessoa que eu trago sempre no coração e na minha sensibi­lidade.
Luiz Goes

terça-feira, agosto 01, 2006


Memórias de A Brasileira Posted by Picasa
A Brasileira, sita na Rua Ferreira Borges, a dois passos da Portagem, foi um dos cafés tertulieiros mais emblemáticos da intelectualidade coimbrã.
Em tom ameno, o advogado e antigo dirigente estudantil Alberto Vilaça rememora as louças, os empregados, as perfumadas "bicas", os de esquerda e os de direita, os "bufos" e os pides, José Carlos de Vasconcelos, António Ralha, Paulo Quintela, Vitorino Nemésio, Joaquim Pais de Brito, Rocha Pato, o pessoal da "Vértice", as cavaqueiras futebolísticas e tantas outras que se vão contando.
De alguma forma, a defunta Brasileira testemunhou com José Afonso/Rui Pato a emergência e consolidação de um dos mais notáveis movimentos artísticos da década de 1960.
Do que foi o extinto café, fala o livro de Alberto Vilaça. Do que é, diz a tabuleta que se transmudou em loja e roupas.
Para ler: Alberto VILAÇA, "À mesa d'A Brasileira. Cultura, política e bom homor", Santa Maria da Feira, Calendário de Letras, 2005.
AMNunes


Partitura de Renascer (1) de Álvaro Aroso. Posted by Picasa


Partitura de Renascer (2) de Álvaro Aroso. Posted by Picasa


Partitura de Renascer (3) de Álvaro Aroso. Posted by Picasa


Partitura de Renascer (4) de Álvaro Aroso. Posted by Picasa


Partitura de Renascer (5) de Alvaro Aroso. Posted by Picasa


Partitura de Renascer (6) de Álvaro Aroso. Posted by Picasa


Partitura de Renascer (7) de Álvaro Aroso, já gravado no CD da Tertúlia do Fado de Coimbra, com o título "Amanhecer em Coimbra". Nesta transcrição, o arranjo da segunda guitarra é de José Paulo. Esta peça é de execução simples mas de muito bom efeito. Está aqui bem vincado o estilo de Álvaro Aroso.Posted by Picasa


Centro Cultural da Quinta de D. João, ou Tasquinha do João. Nova reunião "cultural", com Jorge Gomes, Frias Gonçalves, Horácio Fachada e eu, que tiro a fotografia. Posted by Picasa


Centro Cultural da Quinta de D. João, ou Tasquinha do João. Nova reunião "cultural", com Jorge Gomes, Frias Gonçalves, Horácio Fachada e mais tarde juntou-se José Casimiro. Posted by Picasa

segunda-feira, julho 31, 2006


Violão de Dupla Pá Posted by Picasa
No intuito de facilitarmos a visualização do tipo de violão usado em Coimbra nas décadas de 1920-1930 por José Caetano, remetemos para este exemplar fotografado na Ilha do Faial, Açores, por Ernesto Veiga de Oliveira.
Trata-se de um violão-baixo, de cordas de aço, com 6 cravelhas na pá principal e 3 bordões suplementares alteados com uma lingueta metálica. Na Ilha do Faial estes violões eram correntemente designados por "rabecões", nomenclatura que parece ter conhecido restrito uso insular. Em Coimbra, o "rabecão" das serenatas e arraiais sanjoaninos era o contrabaixo. O presente exemplar emprega a afinação convencional Mi, Si, Sol, Ré, Lá, Mi, adoptando nos 3 bordões suplementares Ré, Lá, Dó.
Fonte: Ernesto Veiga de Oliveira, "Instrumentos Musicais Populares dos Açores", Lisboa, FCGulbenkian, 1986, sendo as recolhas de campo do ano de 1963.
AMNunes

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