sexta-feira, dezembro 29, 2006



Universidade de Sannio (I)

Itália: na Università de Sannio, fundada em 1997, o Prof. Leopold Felsen (da Universidade de Boston), já devidamente trajado com beca, romeira e barrete, profere breve oração com vista à obtenção da laurea honoris causa em Engenharia de Telecomunicações (20/02/2003).

Só muito recentemente, graças aos contributos aportados pela internet se começou a urdir uma visão mais completa e globalizante do fenómeno universitário docente e discente ocidental que após o fim das ditaduras ibéricas e queda do Muro de Berlim se encaminhou para uma autêntica "corrida às capas e becas". Na Coimbra dos anos que se seguiram a 1974, certas elites marcadas por extrema radicalidade dessacralizadora e opacidade nihilista, quiseram crer erroneamente que se tratava apenas de incómodo fenómeno reaccionário passante.

Com efeito:

-UC e Academia de Coimbra achavam-se divididas entre vontade de reactivação do legado patrimonial afectivo-simbólico e a estigmatização radical dos símbolos tradicionais. As tentativas de abordagem debruçadas sobre o pouco conhecido universo do Cerimonial e Protocolo universitários, além de não encontrarem terreno favorável, corriam o risco de dupla incomprensão: a) por parte de sensibilidades mais afectas ao mundo do simbólico e das tradições, que no momento não desejavam ser publicamente estigmatizadas com a férula do reaccionarismo; por parte das sensibilidades ditas mais progressistas, de todo avessas a matérias suspeitas de conivência com os tradicionalimos;

-as elites universitárias conimbricenses mais directamente ligados aos corpos docente e discente revelaram-se totalmente incapazes de obviarem a uma interpretação válida dos fenómenos portugueses académicos apostados na invenção de tradições estudantis. O caso mais flaglante respeita ao modo como Coimbra não soube "ler" o aparecimento do trajo estudantil na Universidade do Minho (o Tricórnio). Os diversos pedidos de jovens universidades e politécnicos, feitos na década de 1980 à UC para cedência de documentação sobre o protocolo e o cerimonial, também não foram correctamente descodificados. Que não era apenas um "irritante fenómeno de imitação", podemos dizê-lo hoje tranquilamente;

-aquilo que se julgou ser apenas um epifenómeno português reaccionário vivido um pouco por todo o Portugal nas décadas de 1980-1990 (daí a questão, "por que motivo instituições portuguesas tão recentes apostam na instauração de trajos, festividades e rituais?"), era apenas a ponta do iceberg de um movimento ocidental transversal ao ensino superior espanhol, francês, italiano, britânico, países de leste incluídos, com reflexos em campos como as confrarias gastronómicas e vinícolas;

-esta incapacidade de compreensão coimbrã perante a ofensiva simbolizadora local e portuguesa em geral (na medida em que abarcou a maior parte dos jovens estabelecimentos de ensino superior), talvez ajude a percepcionar com mais clareza a notória falta de intercolutores para trabalhos que desenvolvi nesta área entre 1988-1990. E não deixo de lamentar tamanho desperdício, tanto mais que agora conheço em profundidade o apreço que esta temática começara a merecer nas universidade espanholas, mormente em Salamanca.

Fonte: www.ing.unisannio.it/

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