quinta-feira, outubro 05, 2006

DOUTOR LUÍS FERRAND DE ALMEIDA (1922-2006)



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Desaparece um Grande Historiador da Escola de Coimbra *
Nota prévia: Em 2006/09/18 coloquei pela primeira vez este texto evocativo no presente blog. Hoje o republico, enriquecido por algumas ilustrações. Aos agradecimentos anteriormente exarados, acrescento o nome do meu Antigo Aluno Lic.º Flávio Miranda, responsável pelo tratamento das imagens.

Em 2006/05/29 partiu do nosso convívio o Doutor Luís Manuel Rocha Ferrand de Almeida, lente jubilado do 5.º Grupo (História) da FL/UC. Atingido o limite de idade em 1992, o Doutor Ferrand de Almeida continuara a comparecer na S. Escola e a participar nas actividades do Instituto de História Económica e Social e na redacção da prestigiada Revista Portuguesa de História; só a falta de saúde dos últimos tempos lhe perturbara a assiduidade.
Natural de Coimbra [1], o Doutor Luís Ferrand de Almeida nasceu numa Família onde as vocações académicas tinham começado na geração anterior. Seu Pai, Doutor Ferrand Pimentel de Almeida (1885-1962), depois de se ter doutorado em Filosofia e Teologia na U. Gregoriana de Roma, viria a ser um dos primeiros diplomados em Filologia Germânica pela novel FL/UC (bacharel em 1916). Discípulo aqui de Carolina Michaëlis (1852-1925), seguiria carreira na Escola, doutorando-se em 1919 e atingindo o topo (como «professor ordinário») em 1925. Até 1955, ano em que se jubilou, regeu disciplinas de Língua e Literatura Alemã e Inglesa, Gramática Comparada das Línguas Germânicas e ainda Literatura Italiana. Entre os cargos que desempenhou destaca-se o de Presidente da Câmara Municipal de Coimbra (1938-1941).
Na sua descendência (dez filhos) contam-se, para além de um militar, dois universitários: o agora desaparecido e o Doutor Francisco Xavier Rocha Ferrand de Almeida, lente jubilado de Ciências/Biologia; este último, por seu turno, é Pai de mais um historiador: o Dr. André Ferrand de Almeida, licenciado em História pela FL/UC, colaborador do vol. 3 (coord. Joaquim Romero MAGALHÃES) da História de Portugal, dir. José MATTOSO [2] e actualmente doutorando em História Moderna no Instituto Universitário Europeu (Florença).

Luís Manuel Rocha Ferrand de Almeida terminou os estudos liceais em 1940 e ingressou de imediato na licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas da FL/UC, concluindo o 1.º ano em 1941. Mas CLIO ainda o não seduzira de todo, e no dito ano de 41 requereu transferência para a Fac. de Direito, cursando então a licenciatura respectiva, que concluirá em 1946. Só que de imediato irá retomar Histórico-Filosóficas, realizando as últimas disciplinas em 1949.
De 1948 a 1955 será bolseiro do Instituto de Alta Cultura (IAC), na preparação da tese que então coroava a obtenção do grau de licenciado. Nessa qualidade trabalhará em arquivos e bibliotecas de Lisboa, Coimbra e Évora; para além do que, em 1950, uma estadia de três meses em Madrid e Simancas.
Deste último ano a 1955 residirá em Lisboa, exercendo as funções de presidente do um Organismo do (ao tempo) recente ministério das Corporações e Previdência Social. E é a Capital que afinal assiste a um reunir de condições para que a primitiva (e real) vocação se transformasse em definitivo métier: em 1953 Ferrand de Almeida frequenta o curso de Estudos Brasileiros da Faculdade de Letras / UL (regência do Doutor Mário de Albuquerque [1898-1975]); 1.º classificado, recebe o Prémio correspondente: uma bolsa do Ministério das Relações Exteriores do Brasil para uma estadia de três meses (Julho-Outubro) além-Atlântico e a possibilidade de trabalhar em Bibliotecas e Arquivos do Rio de Janeiro (Biblioteca Nacional e Mapoteca do Itamarati); na circunstância, conhece pessoalmente Jaime Cortesão [3].
De novo em Portugal, Ferrand de Almeida cedo decidirá em definitivo sobre o S. recto caminho: o abandono das funções que exercia – e que constituíram, afinal, a sua única e fugaz utilização da licenciatura em Direito – e o regresso a Coimbra (Janeiro de 1956), rumo à dedicação plena ao que lhe faltava para se licenciar em Histórico-Filosóficas; fará acto de licenciatura em 1957, defendendo a monumental tese A diplomacia portuguesa e os limites meridionais do Brasil, vol. I (1493-1700), pouco depois editada e galardoada com o «Prémio João de Barros» da Agência-Geral do Ultramar [4]. A Obra apresenta-se dividida em uma «Introdução» com 5 subdivisões (“O meridiano de Tordesilhas. Viagens e negociações diplomáticas no século XVI”; “Os limites meridionais do Brasil na cartografia e na literatura histórica e geográfica”; “Bandeiras e limites meridionais”; “O comércio português no Rio da Prata e a situação económica do Brasil”; e “Política de expansão para o sul no século XVII”), 5 capítulos (“A fundação da colónia do Sacramento e as negociações de Lisboa”; “O conflito com a Espanha e o Tratado Provisional de 1681”; “Execução do tratado. Conferências de Elvas e Badajoz”; “A arbitragem do Papa”; e “A questão da Colónia do Sacramento nos fins do século XVII”) e um Apêndice de 208 documentos (1533-1700). Trabalho de dimensão invulgar como tese de licenciatura, logo entrado nas Bibliografias de disciplinas das licenciaturas em História, A Diplomacia Portuguesa, até pela cronologia, perfila-se como o que seria o primeiro painel de um díptico, cujo segundo painel faria presumivelmente a ponte com o clássico estudo de Jaime Cortesão, Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid [5]. Mas no imediato outras prioridades iriam surgir na vida intelectual de Luís Ferrand de Almeida.

No mesmo ano de 1957 inicia funções como 2.º assistente do Grupo de História da FL/UC. E assim irá prosseguir uma vida de quase mais meio século de clerc. Solteiro – mas longe, bem longe dos azedumes que não raro acompanham o celibato, antes aliando uma aparência de austeridade a uma, afinal, tocante afabilidade –, irá de novo residir na Casa paterna, à Avenida Dias da Silva – o Doutor Ferrand Pimentel morrerá nos anos 60 e S. Mulher, a Senhora D. Cândida Sofia Ribeiro da Rocha, apenas nos anos 90, em avançada idade –, e durante décadas a S. vida decorrerá entre, por um lado, a Casa, a Família e o gabinete de trabalho e, por outro, a Escola, que profundamente amava [6]. Fora do circuito, quinzenalmente em média, os jogos da sua (nossa !) Académica, no Estádio Municipal. Raramente saía de Coimbra para participar em reuniões científicas: as muitas em que participou foram essencialmente na sua ALMA MATER; e a reserva e alheamento face às pequeninas coisas também não iriam fazer dele alguém em quem se pudesse sequer pensar para politiquices do milieu; para além do que, poucas vezes integrou júris noutras Universidades [7]. Pode dizer-se que fora da UC apenas a Academia Portuguesa da História (APH) – onde ca. 2000 atingiu a situação de Académico de Mérito – lhe despertou algum interesse e lhe motivou alguma assiduidade.

Um tal apego ao trabalho vinha antes de mais de uma preocupação de rigor que fazia de qualquer obra Sua algo exigindo longa e aturada preparação, sendo o resultado normalmente uma verdadeira peça de joalharia; ou então um rendilhado, como no dizer (nos anos 80) do S. aluno, discípulo e amigo Doutor Joaquim Romero Magalhães; por outro lado, as décadas de 50 e de 60 eram, para qualquer 2.º assistente – sobretudo se em início de carreira –, o tempo de uma pesada sobrecarga de trabalho, com regências e assistências de disciplinas em série, o que tornava precárias as possibilidades de conclusão da tese doutoral no prazo legalmente previsto: 6 anos, e inicialmente sem dispensas de serviço nem prorrogações de contrato... Só, eventualmente, na fase final, uma situação de bolseiro no País pelo então IAC poderia permitir a conclusão do opus magnum sem as obrigações de um quotidiano docente; e apenas em 1970 a legislação do ministro Veiga Simão atenuaria a dureza da situação de um doutorando. Daí que Luís Ferrand de Almeida tenha obtido a láurea doutoral somente em finais de 1973; e nos seus cerca de 10 anos de assistente (1957-1963 e 1969-1973) regeu e/ou assistiu disciplinas como Teoria da História, História Geral da Civilização, História da Civilização Romana, História Medieval [8], História de Portugal, História de Portugal I, História de Portugal II [9], História dos Descobrimentos e da Colonização Portuguesa [10], História do Brasil e outras mais.
Apesar da multiplicidade de tarefas, o Ensino do jovem Ferrand de Almeida ajudou desde logo a marcar o início de uma época outra no então 4.º Grupo da FL/UP. João Paulo Avelãs Nunes, um dos mais profícuos estudiosos da História que se fez e se ensinou em Coimbra de 1911 a 1974, pôde escrever, a propósito da evolução do ensino de História Medieval / História da Idade Média a partir de 1951: «(…) por iniciativa de Torquato de Sousa Soares, Avelino de Jesus da Costa, Luís Ferrand de Almeida e Maria Helena da Cruz Coelho, o peso da história económica e social é significativamente reforçado, chegando mesmo, em alguns anos lectivos, a constituir a regionalidade mais estudada. Esta valorização (…) não resultou, no entanto, na adopção de uma perspectiva “materialista” da história, mantendo-se, pelo contrário, o predomínio de um idealismo “espiritualista”, ou, em alternativa, de uma quase absoluta indefinição teórica. Abordaram-se temas como o regime senhorial e os laços de vassalidade no seio da nobreza; o desenvolvimento do artesanato e do comércio e o surgimento das corporações; o crescimento das cidades na Baixa Idade Média e o movimento de autonomização e de auto-governo municipal face ao poder régio e aos poderes senhoriais; as políticas económicas de vários governantes; os interesses de diversos grupos sociais e a conflitualidade sócio-política (tendo a expressão “classes sociais” sido utilizada algumas vezes); as crises económicas e as suas consequências sociais, culturais e políticas; as motivações e as consequências económicas e sociais das Cruzadas; a evolução da economia mercantil mediterrânica ao longo de toda a Idade Média (…), etc. A linha interpretativa seguida parece ter sido a da história económica e social clássica, por influência directa de autores como Henri Pirenne, M. Rostovtseff, F.-L.Ganshof, Charles Verlinden e Yves Renouard, explicitamente referidos. Marc Bloch, um dos símbolos da primeira geração da “Escola dos Annales”, foi também citado por Torquato de Sousa Soares (em 1953/1954) e por Luís Ferrand de Almeida (em 1957/1958)» [11]; sobre a então História da Expansão Portuguesa (1959-1961), pôde dizer o seguinte: «(…) Ferrand de Almeida introduziu algumas temáticas novas e, sobretudo, reforçou o peso atribuído (…) à história económica e social: condicionalismos nacionais, europeus e mediterrânicos (…) da expansão portuguesa (com relevo para aspectos de história económica e social, nomeadamente através do estabelecimento de laços explicativos entre a crise do séc. XIV, 1383-1385 e o “arranque” da estratégia expansionista); análise problematizante da personalidade e da actuação do Infante D. Henrique (comparando as propostas de vários historiadores, entre os quais Vitorino Magalhães Godinho); explicação pela opção da conquista de Ceuta e caracterização da administração portuguesa das “cidades-fortaleza” do Norte de África (…); colonização da Madeira e dos Açores (…); reconhecimento e exploração económica do litoral ocidental africano; transformações culturais e mentais ocorridas na sociedade portuguesa em resultado do processo colonizador. Parece, pois, tratar-se de uma abordagem não-“metódica”, menos (ou mesmo não) influenciada pela ideologia colonialista oficial do Estado Novo, apoiada (também) nos estudos de historiadores e ensaistas marginalizados e/ou politicamente perseguidos (como Jaime Cortesão, António Sérgio, Magalhães Godinho, Barradas de Carvalho, etc.) e na nova praxis historiográfica representada pela nouvelle histoire» [12].
Fernando Catroga, por seu turno, analisando a S. prática didáctica na disciplina de Teoria da História [13], aponta a importância da clássica Introduction de Langlois / Seignobos como «referência obrigatória», complementada por autores de obras de cariz «manualístico» (Halphen, Bernheim, Bauer, Halkin, Harsin); o hoje também clássico volume L’Histoire et ses Méthodes (dir. Ch. Samaran) fará a sua aparição na Bibliografia logo em 1961/62. E não faltarão também o Febvre dos Combats, o Bloch da Apologie ou o Marrou de De la connaissance. De onde, a importância do conceito de fonte, do problema das lacunas documentais e do «papel da compreensão na reconstituição (e construção) dos factos históricos» [14]; na abordagem das «várias fases do processo de investigação», a utilização, como referenciais, de autores como Pierre David, Herculano, Alberto Pessoa, J. Honório Rodrigues, C. Bloch, P. Renouvin, A. Silva Rego, G. Marañon, etc.; e o intuito de dilucidação de problemáticas como “A História como descrição e explicação”, “o papel da hipótese”, “o alargamento do conceito de fonte”, “a colaboração das disciplinas” ou “a História, ciência do Homem”. E continua: «De tudo isto, conclui-se que, embora as lições metodológicas de Langlois e Seignobos fossem a base, Luís Ferrand de Almeida corrigia-as e completava-as com ensinamentos de orientações antipositivistas [sic], como a querer significar que o progresso do saber historiográfico caminha, não por rupturas radicais, mas por integrações e reformulações» [15]. A «preocupação em corrigir o conceito positivista [sic] [16] de fonte histórica» levava a temáticas/problemáticas como as paisagens rurais e aéreas ou a filmotecas, fonotecas e mapotecas, para além dos arquivos; de onde, a valorização do diálogo História/Geografia ou a chamada de atenção para a (entre nós) emergente História Económica e Social (e, consequentemente, a relação entre a História, as Ciências e a Sociologia); daí a abertura a uma visão social (e não singular) da disciplina e aos métodos quantitativos, particularmente em Demografia; nítida também – mormente em 1962/63 – a abertura à ainda mais recente História das Mentalidades, com referenciais como J. Huizinga, L. Febvre, J. Palou, G. Duby. E a fechar: «não será excessivo concluir que Luís Ferrand de Almeida tinha intenção de consolidar nos alunos a ideia de que, na linha dos ensinamentos dos Annales, o saber histórico era uma “ciência do Homem”, de vocação totalizadora e, consequentemente, aberta à colaboração interdisciplinar» [17].

Novamente bolseiro do IAC a partir de 1961, de 1963 a 1969 estará em tal situação em tempo pleno. E voltarão as Bibliotecas e os Arquivos do País e de além-fronteiras (Madrid, Simancas, Paris); fez ainda fotografar fundos do Rio de Janeiro e do British Museum.
A Colónia do Sacramento na época da Sucessão de Espanha [18]: tal é o título da tese que Luís Ferrand de Almeida defendeu na Sala dos Capelos em Novembro de 1973. Integraram o júri os Doutores Jorge Borges de Macedo (UL, 1921-1996), António Cruz (UP, 1911-1989), Joaquim Veríssimo Serrão (UL), Manuel Lopes de Almeida (1900-1980), Torquato de Sousa Soares (1903-1988), Salvador Dias Arnaut (1913-1995) e Avelino de Jesus da Costa (1908-2000). Após três dias (28, 29 e 30 de Novembro) de provas (discussão da tese e dois interrogatórios sobre pontos sorteados), o candidato foi aprovado «com distinção e louvor» por unanimidade. Mais um espesso volume, A Colónia do Sacramento acabou por ser apenas uma parte do longo projecto que Ferrand de Almeida formulara, em sequência à tese de licenciatura. Como escreveu no Prefácio a este livro doutoral, «O volume I de A Diplomacia Portuguesa e os Limites Meridionais do Brasil (…) era, fundamentalmente um estudo de história diplomática, embora esta tenha sido considerada numa ampla perspectiva, sem nunca perder de vista os factores de diversa natureza que, de uma ou outra forma, a condicionariam. (…) não insistimos então, (…) nos aspectos sociais, económicos e administrativos da Colónia do Sacramento e das relações dos Portugueses com a região platina. (…). Ficava sempre aberto o caminho para uma investigação mais aprofundada desses aspectos e é o que fazemos na presente obra (…). Ao mesmo critério obedeceu a organização do apêndice documental, onde quase só publicamos textos de carácter administrativo e económico; os de interesse predominantemente político e diplomático (…) reservamo-los para imprimir no volume II de A Diplomacia Portuguesa – se algum dia chegarmos a escrevê-lo…»[19]. A estrutura do volume bem ilustra as palavras recém-transcritas do Prefácio: uma «Introdução» (“Sucessão de Espanha, equilíbrio europeu e comércio americano”), seis capítulos (“Colónia do Sacramento: da ocupação militar à ‘política dos casais’ ”; “Da prata peruana ao gado uruguaio”; “O comércio dos couros”; “A Colónia e os problemas internacionais nos princípios do século XVIII”; “A Colónia e a Sucessão de Espanha [1700-1702]”; e “A Colónia e a Sucessão de Espanha [1702-1705]”) e uma «Conclusão»; a fechar, um apêndice de 156 documentos (1684-1706). O plano de fundo foi assim só parcialmente concretizado na tese de doutoramento, mas seria ainda prosseguido em livros e artigos dos anos 80 e 90.
Esta Obra – muito, muito a leste das preocupações do nacional-comemorativismo descobrimentista do período 1986-1995 – tem sido pouco citada e ainda menos lida. Mas importaria nela atentar: o seu lugar num ranking da Historiografia Portuguesa da segunda metade de Novecentos é indiscutível.

Ultrapassados alguns episódios menos agradáveis do ano lectivo de 1974/75, a carreira foi prosseguindo: no Outono de 1978 o Doutor Ferrand de Almeida prestou provas públicas de concurso para professor extraordinário; e três anos depois atingiu a cátedra.
Os anos 80 veriam entretanto surgir os cursos de mestrado, sendo a área de História Moderna uma das pioneiras na FL/UC. O Doutor Ferrand de Almeida esteve desde o primeiro momento na regência de Seminários de História Económica e Social, tendo orientado diversas teses; o que, entretanto, lhe trazia uma contrariedade: como o S. Seminário era à 2.ª feira e queria examinar escrupulosamente tudo o que iria apresentar, via-se por vezes ‘obrigado’ a faltar ao futebol…
Também a evolução na carreira dos assistentes das áreas de História Moderna e de História Contemporânea do Instituto de História Económica e Social [20] lhe prendeu a atenção: em maior ou menor grau, estão-lhe ligados os doutoramentos de José Maria Amado Mendes e Margarida Sobral Neto, entre outros.

Quanto a publicações de maior tomo, os anos 80 e 90 veriam ainda surgir:

a) O volume Alexandre de Gusmão, o Brasil e o Tratado de Madrid (1735-1750) [21]. Preparada numa das suas raras licenças sabáticas, a Obra acaba por constituir o derradeiro painel do (afinal) tríptico iniciado com A Diplomacia e continuado com A Colónia; encontra-se dividida em 4 capítulos (“Antecedentes históricos: o ‘território’ da Colónia do Sacramento e outros problemas”; “O conflito de 1735 e as suas consequências”; “Preparação e negociação do Tratado de Madrid”; e “O papel de Alexandre de Gusmão e a importância do Tratado”), seguidos de um breve apêndice documental.

b) A recolha de artigos Páginas dispersas. Estudos de História Moderna de Portugal [22], volume este editado pela Escola pouco tempo decorrido sobre a S. jubilação. Contém nove textos, vindos originariamente a lume entre 1962 e 1992. Na sua diversidade, este volume é bem um mostruário pleno da Obra do Historiador: com efeito, para além de (mais) um trabalho sobre a Colónia do Sacramento [23],

i. tanto encontramos um texto no domínio da História das Técnicas [24] e mais dois no domínio específico das culturas e das técnicas agrícolas[25],

ii. como textos sobre problemas políticos [26], institucionais [27], sociais [28] e culturais [29] do Portugal joanino; num Autor de Obra multifacetada, e onde o opus magnum se apresenta qual tríptico, uma recolha de artigos como a presente só pode ser qualificada de preciosa.

c) E o retorno a um interesse que despertara já nos anos 60: as relações entre Portugal e a Polónia [30]. A esta temática consagrou diversos outros artigos [31] e, aquando da S. elevação a Académico de Mérito da APH, um longo estudo eminentemente centrado no século XVIII, fundado em abundante documentação inédita [32].

Olhando globalmente os dois volumes majora e os dois minora, tudo acrescido da multiplicidade de artigos e outros estudos, recolhe-se uma impressão talvez inesperada, mas que se me afigura indescartável (e não estou sozinho neste meu opinar): há algo de braudeliano no conjunto da Obra de Luís Ferrand de Almeida. Porquê ?

· Pelo modo como decididamente encara a totalidade do Brasil meridional e da Colónia, num enlace harmonioso entre a abordagem da evolução económica e administrativa do Continente sul-americano, do Brasil e da região platina e dos problemas políticos e diplomáticos da Colónia do Sacramento;

· depois, pelo tempo longo (1493-1705 para o conjunto das duas teses) e – sobretudo – pelos espaços vastos sobre que trabalha;

· finalmente, pelo seu nunca perder de vista do «contexto político europeu e americano» [33].

Uma tal qualificação colocará Ferrand de Almeida num patamar até agora nunca apontado na Historiografia portuguesa recente. Mas ao exarar aqui a hipótese do braudelianismo do Autor, estou como que a lançar um desafio aos estudiosos da lusitana CLIO: nestes alvores de um novo século que ainda conheceu, Luís Ferrand de Almeida é inequivocamente um Historiador a reler. E a descobrir.

* * *

Esta evocação tem à partida um carácter científico: lembrar um Grande Mestre que partiu, ainda que o signatário não seja cultor da mesma época e intervenha aqui como historiador da Historiografia que também é. Mas tem igualmente uma dimensão de gratidão pessoal: em princípios de 1985, o Doutor Ferrand de Almeida, como Director do Instituto de História Económica e Social da FL/UC, teve a amabilidade de me convidar a proferir uma conferência na S. Escola, no âmbito de um Ciclo comemorativo do 6.º Centenário das Cortes que, em Coimbra, fizeram um Rei; aceitei entusiasticamente, como é óbvio: a menos de um ano de me doutorar, era a primeira vez que alguém me convidava para falar noutra Universidade que não a minha; e nesse Ciclo intervieram também o Doutor Salvador Dias Arnaut, o Doutor Pedro Dias e a Doutora Maria Helena da Cruz Coelho; para além, naturalmente, do próprio Doutor Ferrand de Almeida, a abrir e encerrar as sessões e a apresentar os conferencistas.
Ferrand de Almeida esteve assim, e portanto, num momento marcante da fase pré-doutoral da minha carreira. E esse dia 2 de Maio de 1985, em que pela primeira vez se me deparou o ensejo de usar da palavra perante Mestres e Escolares da FL/UC, bem que me trouxe «uma demonstração nova do cabimento [de um] prolóquio velho» [34], que depois, longamente, pude continuar a constatar: «ninguém é profeta na sua terra»…

Porto, 08 de Junho de 2006

NOTAS:

* Agradeço à Ex.mª Senhora D. Maria Cândida Ferrand de Almeida – Irmã do Historiador aqui evocado – e aos Colegas e Bons Amigos Doutora Maria Helena da Cruz Coelho e Doutor Joaquim Romero Magalhães o apoio e os informes que me facultaram durante a elaboração do presente texto.
[1] Uma boa biobibliografia pode encontrar-se em «Luís Manuel Rocha Ferrand de Almeida: Curriculum Vitae», Revista Portuguesa de História, 36/1 (2002-2003), pp. 7-14.
[2] Lisboa, Círculo de Leitores, 1993.
[3] Que só em 1957 tornará de vez à Pátria.
[4] Coimbra, Faculdade de Letras / Instituto de Estudos Históricos Dr. António de Vasconcelos, 1957, 588 pp. A sua primeira síntese sobre a colónia do Sacramento pode encontrar-se no artigo «Sacramento, Colónia do», in Dicionário de História de Portugal, dir. Joel SERRÃO, vol. III/ME-SIN, reimpr., Lisboa/Porto, Iniciativas Editoriais/Livraria Figueirinhas, 1971, pp. 708-714; a derradeira será o trabalho «Colónia (A) do Sacramento e a formação do sul do Brasil», reed. no vol. cit. infra, n. 18, pp. 163-182. Uma bibliografia cabal para o período 1974-1994 pode ver-se em COELHO, Maria Helena da Cruz; RIBEIRO, Maria Manuela Tavares; CARVALHO, Joaquim Ramos de [Coord.] – Repertório Bibliográfico da Historiografia Portuguesa (1974-1994), Coimbra/Lisboa, Faculdade de Letras/Instituto Camões, pp. 39-40.
[5] 3 tt., Rio de Janeiro, Ministério das Relações Exteriores, 1951-1952.
[6] A este respeito, escreveu Walter de Sousa MEDEIROS: «Dizem-no austero, reservado, taciturno: mas basta avizinhá-lo para sentir a humanidade profunda do seu coração, a modéstia intelectual do verdadeiro homem de ciência, o zelo pelos interesses dos alunos, a preocupação constante pelo saber actualizado» («Doutoramento solene de Maria Helena da Cruz Coelho, José Maria Amado Mendes, Maria Manuela de Bastos Tavares Ribeiro, Fernanda Maria da Silva Dias Delgado Cravidão e Amadeu José de Figueiredo Carvalho Homem», Biblos, 70 [1994], p. 563); e Fernando CATROGA: «(…) a aparência de um homem solitário encobre alguém profundamente solidário, qualidade que se revela, também, no modo franco e colaborante como coloca a sua experiência de historiador e os seus vastos e sempre actualizados conhecimentos ao serviço das novas gerações» («Ibid.», p. 575).
[7] O meu Colega Doutor Aurélio de Oliveira terá sido das raras pessoas a solicitá-lo – com êxito – para júris fora de portas; e aí por 1990-1991 o Doutor Ferrand de Almeida participou de facto em dois ou três júris de mestrado em História Moderna na FL/UP.
[8] História da Idade Média pela reforma curricular de 1957.
[9] A bienalidade desta disciplina, embora com antecedentes, surgiu com a reforma curricular de 1957. Estes dois níveis passaram a designar-se História Medieval de Portugal e História Moderna e Contemporânea de Portugal, respectivamente, em 1968.
[10] História da Expansão Portuguesa a partir de 1959.
[11] História (A) Económica e Social na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. O historicismo neo-metódico: ascensão e queda de um paradigma historiográfico, 1911-1974, Lisboa, Instituto de Inovação Educacional, 1995, pp. 105-106. Ferrand de Almeida regeu ou assistiu esta disciplina entre 1957 e 1959.
[12] Op. cit., p. 131.
[13] «Luís Ferrand de Almeida e António de Oliveira no Ensino de Teoria da História», Revista Portuguesa de História, 36/2 (2002-2003), pp. 125-134. Ferrand de Almeida assegurou as aulas práticas desta disciplina (criada pela reforma curricular de 1957) de 1958 a 1963, cabendo a regência ao Eminente Mestre que se chamou Sílvio Lima (1905-1993). Fernando Catroga utilizou como fonte as cadernetas de Sumários referentes aos anos lectivos em causa.
[14] «Op. cit.», pp. 126-127.
[15] «Op. cit.», p. 127.
[16] Não posso deixar de estranhar a utilização, por um Autor da geração de Fernando Catroga, de conceitos como «positivismo» / «antipositivismo» em História da Historiografia «stricto sensu», isto a propósito do que vem sendo chamado «escola metódica» francesa. Julgo que, nesta matéria, a lição de Ch.-O. Carbonell está viva e bem viva; e entre nós vejam-se, entre outros, os trabalhos de José M. Amado Mendes e João Paulo Avelãs Nunes, ambos da «Escola de Coimbra», por sinal. Atente-se ainda nestas passagens de uma excelente biobiliografia de Marc Bloch (1886-1944): «Gustave Bloch, le père de Marc, (…) a été historien de l’Antiquité romaine. Sa carrière s’épanouit à partir de 1870, bénéficiant du grand essor de l’histoire universitaire: c’est le moment de la professionnalisation définitive des historiens, avec une méthode rigoureuse comme charte de leur métier. La Revue Historique, fondée en 1976, a pour règle la recherche des faits bruts et concrets, leur description “positive”, à l’encontre des systèmes fumeux et des idéologies importunes. Mais la description, et même l’observation attentive ou la critique des sources ne peuvent pas conférer à l’histoire la même scientificité qu’aux sciences “dures” qui dégagent des lois, expliquent et comprennent synthétiquement les choses selon le projet proprement “positiviste” posé par Auguste Comte. C’est pourquoi la plupart des historiens restent empiriques et fiers de l’être, à l’époque où Seignobos et Langlois rédigent leur Introduction aux études historiques (1898) (…). (…) à partir de 1903, un véritable clivage sépare en France la sociologie de l’histoire (…). Placés face au défi des sciences dures, vraiment positivistes, les sociologues revendiquent trop l’unité et la scientificité des sciences sociales, sous leur propre direction (…), tandis que les historiens se replient un peu frileusement sur leur discipline, modestement descriptive, et sur un scepticisme de bon aloi, dont Seignobos est un bom exemple. C’est de cette histoire “historisante” que Lucien Febvre fait une critique très dure» (BARTHÉLEMY, Dominique – «Marc Bloch», in SALES, Véronique [Coord.]) – Historiens [Les], Paris, Armand Colin, 2003, pp. 86-87 e 89). É claro que a formação filosófica de base de F. Catroga pode servir de travão à perplexidade dos leitores de formação histórica estrita. E uma boa pergunta: Ferrand de Almeida alguma vez terá falado de «Historiografia positivista» nas suas aulas ou escrito tal coisa nos seus Sumários ?...
[17] «Op. cit.», p. 128.
[18] Coimbra, Faculdade de Letras / Instituto de Estudos Históricos Dr. António de Vasconcelos, 1973, 540 pp.
[19] A Colónia…, p. XI.
[20] Designação, a partir de 1975, do antigo Instituto de Estudos Históricos Dr. António de Vasconcelos.
[21] Coimbra, INIC / Centro de História da Sociedade e da Cultura – UC, 1990, 68 pp.
[22] Coimbra, Faculdade de Letras / Instituto de História Económica e Social, 1995, 262 pp.
[23] Cf. o terceiro trabalho cit. supra, n. 4.
[24] «Inovações técnicas no tempo de D. João V: o Engenho do Pinhal do Rei», pp. 1-36; e «Marinha e progressos técnicos nos princípios do século XVIII: um construtor naval francês em Portugal», pp. 153-161.
[25] «Aclimatação de plantas do Oriente no Brasil durante os séculos XVII e XVIII», pp. 59-129; e «Sobre a introdução e a difusão do milho maís em Portugal», pp. 229-259.
[26] «Autenticidade (A) do “Testamento Político” de D. Luís da Cunha», pp 37-58.
[27] «Absolutismo (O) de D. João V», pp 183-207.
[28] «Motins populares no tempo de D. João V», pp. 131-151.
[29] «D. João V e a Biblioteca Real», pp. 209-228.
[30] Cf., de S. autoria, «Polónia, Portugal e a», in Dicionário de História de Portugal, dir. Joel SERRÃO, vol. III/ME-SIN, reimpr., Lisboa/Porto, Iniciativas Editoriais/Livraria Figueirinhas, 1971, pp. 410-415.
[31] V.g. «Prince (Le) Casimir de Pologne et les antécédents de la Restauration au Portugal», sep. de Antemurale, 17, Roma, 1974; «Portugal e a Polónia na segunda metade do século XVII», sep. de Biblos, 63 (1987); e «Portugal e a Polónia», in Imagem da Polónia, Lisboa, IBL, 1992, pp. 9-16.
[32] Aguardando publicação pela APH.
[33] A Colónia…, p. XI.
[34] RIBEIRO, Fernando de Almeida – Doutoramentos em Coimbra: impugnação de cinco teses, Coimbra, Por Ordem da Universidade, 1951, p. 30; respeitou-se a ortografia do original.

ILUSTRAÇÕES
1. Luís Ferrand de Almeida em 1955 (espólio familiar, cópia cedida pela Exmª Senhora D. Maria Cândida Ferrand de de Almeida, a quem penhoradamente agradeço).
2. Corpo Docente e Finalistas da FL/UC em 1920, recém-restaurados os hábitos talares dos lentes. 1.ª fila, da esq. para a dir.: Doutor Aristides de Amorim Girão (1895-1960), Doutor Eugénio de Castro e Almeida (1869-1944), Doutora Carolina Michaëlis de Vasconcelos (1851-1925), Doutor António Garcia Ribeiro de Vasconcelos (1860-1941; antigo lente de Teologia e ao tempo Director da FL/UC, segura uma borla com as cores, mescladas, de Teologia e Letras, i.e., branco e azul-escuro, respectivamente) e 2 lentes não-identificados; 2.ª fila, da esq. para a dir.: Doutor Joaquim de Carvalho (1892-1958), Doutor João da Providência de Sousa Costa (1893-1965) e Doutor Anselmo Ferraz de Carvalho (1878-1955; lente de Ciências/Geologia, que durante diversos anos regeu disciplinas na FL/UC, particularmente Geografia Física); depois dos 3 estudantes do sexo feminino, vemos: Doutor Manuel Gonçalves Cerejeira (1888-1977), Doutor João Maria Tello de Magalhães Collaço (1893-1931; lente de Direito, regeu diversas disciplinas na FL/UC, com destaque, nestes anos [1915-1921], para História das Religiões); segue-se, em 2.º plano, um lente não-identificado; depois, em 1.º plano, o Doutor Ferrand Pimentel de Almeida (1885-1962); por último, em 2.º e em 1.º planos, mais 2 lentes não-identificados. Obs.: Esta foto foi pela 1.ª vez publicada na biografia que Mons. Moreira das NEVES dedicou ao cardeal Cerejeira (anos 30); a presente cópia foi-me facultada pelo Dr. António M. M. Nunes, a quem agradeço.
3. Casamento do Doutor Ferrand Pimentel de Almeida com D. Cândida Sofia Ribeiro da Rocha
(Pombal de Ansiães, 1921/09/15) [Espólio familiar, cópia cedida pela Ex.mª Senhora D. Maria Cândida Ferrand de Almeida, a quem penhoradamente agradeço; registe-se o pormenor da toilette do noivo: hábito talar com insígnias].
4. Corpo Docente (parte dele…) e Finalistas da FL/UC em 1933.
1.ª fila, da esq. para a dir.: Doutor Manuel Lopes de Almeida (1900-1980), Doutor Sílvio Vieira Mendes de Lima (1904-1993), Doutor Joaquim de Carvalho (1892-1958), Doutor Eugénio de Castro e Almeida (1869-1944), Doutor Ferrand Pimentel de Almeida (1885-1962), Doutor João da Providência de Sousa Costa (1893-1965) e Doutor Vergílio Correia (1888-1944). Fonte: RODRIGUES, Manuel Augusto [Dir.] – Memoria Professorvm Vniversitatis Conimbrigensis:
1772-1937
, Coimbra, Arquivo da Universidade, 1992, p. 355.
5. Doutor Ferrand Pimentel de Almeida (1885-1962). Fonte: A mesma da ilustração anterior, p. 363.
6. Luís Ferrand de Almeida aos 3 anos (como escreveu S. Irmã: «já gostava de ler») [Espólio familiar, cópia cedida pela Ex.mª Senhora D. Maria Cândida Ferrand de Almeida, a quem penhoradamente agradeço].
7. Cinco doutores em Letras recipiendários de insígnias na UC, com os respectivos «apresentantes» e o Reitor (Biblioteca Joanina, 1993, Nov.). Da esq. para a dir.: Doutor Luís Ferrand de Almeida (1922-2006; «apresentante» do seguinte); Doutor José Maria Amado Mendes; Doutor António de Oliveira («apresentante» da seguinte); Doutora Maria Helena da Cruz Coelho; prelado universitário Doutor Rui Nogueira Lobo de Alarcão e Silva (em funções entre 1982 e 1998); Doutora Maria Manuela Bastos Tavares Ribeiro; Doutor José Sebastião da Silva Dias (1916-1994; «apresentante» da precedente e do seguinte); Doutor Amadeu José de Figueiredo Carvalho Homem; Doutor Jorge Manuel Barbosa Gaspar (da UL, «apresentante» da seguinte); e Doutora Fernanda Maria da Silva Dias Delgado Cravidão. [Foto cedida pela Doutora Maria Helena da Cruz Coelho, a quem profundamente se agradece].
8. Luís Ferrand de Almeida em 1997, no jardim da antiga residência familiar, à Av. Dias da Silva [Espólio familiar, cópia cedida pela Ex.mª Senhora D. Maria Cândida Ferrand de Almeida, a quem penhoradamente agradeço].
9. Doutor António de Oliveira e Doutor Luís Ferrand de Almeida. Fonte: Revista Portuguesa de História, vol. duplo (36/1-2) de homenagem aos 2 Mestres retratados (2002-2003).
10. Autógrafo de Luís Ferrand de Almeida (anos 80). Pormenor da dedicatória de uma separata oferecida ao autor deste trabalho.


Armando Luís de Carvalho HOMEM

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