sexta-feira, abril 22, 2005

Eduardo Aroso em «O Olhar da Serra»

«É sempre tempo para a poesia», como escreveu Eduardo Aroso ao autografar o livro de sua autoria, em nosso poder, «O Olhar da Serra». «La poesia es la palabra en el tiempo», disse António Machado. E, deste conceito, partimos para a crítica da obra poética de Eduardo Aroso, recentemente vinda a lume.
O volume de 68 páginas, ilustrado com desenhos do artista Lanzner, contendo 44 poemas, pretende ser um hino à serra e, muito especialmente, ao Senhor da Serra. Registo de uma caminhada desenvolve-se, poeticamente, entre o louvor à natureza que apadrinha aquele espaço belo e inebriador, a força da romaria, o património construído e secular, o trabalho, a amizade os sons e os caminhos que levam a Coimbra e olham a Figueira da Foz.
Eduardo Aroso, sensível e apaixonado pela sua serra, transmite o canto do melro, o crescer da erva: «Cresce a erva milagrosa / Que nem sequer foi semeada / Cantam melros ao desafio / ( ... ) / sem pedirem licença ao senhorio!»; fala com o vento, dialoga com pessoas, cativa corações, analisa a liberdade das aves, «cada vez mais os pássaros se chocam, em bandos de desassossego ... », sublima o oleiro, denuncia os incendiários da floresta, saúda a Primavera, dá vida à vida.
«O Olhar da Serra» responde a um grito de alegria em louvor da natureza, mas inculca uma sentimentalidade que se bebe e contagia. Os versos rimados ou não, percorrem uma vivência e ensinam a gostar do mundo que nos rodeia, o amar o ambiente, os animais e as aves, a aprender a viver». «Se queres receber a vida / Tens que correr o risco / Descobrirá a beleza / Que há no imprevisto /».
Eduardo Aroso, um poeta que provoca reflexão e que desencadeia um turbilhão de ideias, próprias dos seres que através da sua voz singular, convocam e desafiam, desenham trajectos e se descobrem na vitalidade do imaginário em confronto com o real observado e sentido. Por isso, «O Olhar da Serra» assinala a descoberta da terra, das gentes, das coisas e dos valores, numa perspectiva de introspecção que busca no todo e singular e diferente.

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